segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Noites de Campos


Ella não dormia há duas noites, deitava-se, mas a cabeça simplesmente não parava, o pensamento escorrendo por todos os orifícios. Ella tinha sonhos recorrentes, sonhos que possuíam um padrão.Lembrou-se do último sonho, acabara sonhando a lembrança de outros sonhos, antes de escorregar pelas teias do enorme hotel e seus elevadores velhos e dezenas de lances de escadas muito íngremes, onde uma pequena multidão circulava por todas as fachadas de cada quarto. Seu quarto mais para um pequeno ateliê improvisado, no último andar.A subida era deveras tortuosa, insegura demais, tinha-se de subir e deslizar pela toca do coelho de Alice e se deixar cair dentro de algum cano até se ver parada na porta e hesitar um bocado antes de destrancar a fechadura, empurrando a porta devagar.
Lá dentro o ar é pesado e frio, alegrava e apavorava, lugar cheio de sombras, mecanismos de felicidades, de vultos que a esperavam na ânsia de roubar um tanto do seu sentir. Ella sentia orgulho e misericórdia, ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ __esses velhos fantasmas me amam tanto. Pensava. Com certeza e com paixão suficiente para rasgá-la e sacolejá-la, enchendo o quarto de contrações magnéticas, em belas horas fora arremessada janela abaixo, mas suas asas mil vezes a salvariam de mil estagnações sonolentas.
Pela manhã, Ella de olhos fechados, sonambólica, estica os ossinhos dos pés doloridos e sente
__O melhor é dormir, porque nem o horror nem nas noites de mais puro prazer, nada impede o sol de raiar o dia, causando-me o tédio ilusório da eternidade.


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