O que dói não estas ruas, não são estes traços, não são estas velas.
O que me dói não são estas estrelas sem brilho, não são estes cortejos incertos, não é esta brisa sem mar.
O que me dói não é o pestanejar de quem pede, não são estes vultos inocentes, não são estas linhas tortas, não é este alvoroço.
O que me dói não é cintilante, não é este horizonte, não são estes inícios, meio e fins.
O que me dói não é a fila pro pão, não é a andar desconcertado, não é o domínio em minhas mãos.
O que me dói não é esta taça cheia, este maço corrompido, estas folhas secas.
O que me dói não é o exigente, o intransigente, o inocente.
O que me dói não é o fracasso, não é cair, não é levantar.
O que me dói não é a insensatez, não é eloqüente, não é o dissidente.
O que me dói não é distante, está bem perto, que dói.
O que me dói não está no infinito, está balançando ao vento, exaltado no escuro.
O que me dói é este segredo.
Lane Cardoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário